Literatura Nacional #amolernacional
“Em um mundo em que a intolerância ainda causa mortes, nós não choramos os nossos pecados no domingo. Escolhemos celebrar as diferenças neste dia.” Pag.134
“Em um mundo em que a intolerância ainda causa mortes, nós não choramos os nossos pecados no domingo. Escolhemos celebrar as diferenças neste dia.” Pag.134
Autor: Dielson Vilela
Editora: Editora
Coerência
Ano/lançamento: 2016
Páginas: 270
Gênero: Literatura
Brasileira. Romance
Sinopse: Carlos e Márcio são dois amigos de longa data. Um dia, um acontecimento leva Carlos a descobrir que o seu melhor amigo, Márcio, é gay. Ele se vê paralisado diante dessa revelação. E, agora?Em meio a essa surpresa, Carlos se torna testemunha de um crime covarde, e decide criar um blog para narrar as angustias que o sufocam. Nesse processo, ele se depara com a violência motivada pelo preconceito que traz como vítimas vários segmentos considerados minorias pela sociedade.Ao Ler 'o meu melhor amigo é gay', nos deparamos com aventuras, perigos, brigas, reencontros e uma boa pitada policial que fazem do livro uma narrativa realista, fácil de ser lida, compreendida e vivenciada pelo leitor como sendo parte integrante da história, independente da sua condição sexual, religiosa, cultural ou ideológica.
Hoje tenho o maior prazer de falar desse livro incrível, do meu parceiro Dielson Vivela. Vamos
falar de amizade, preconceito, intolerância e violência.
Você pode escolher quem amar, quem será seu amigo, correto? Correto. Você só não pode escolher quem não se encaixa nos padrões da sociedade, eles te dão a opção da escolha dentro das escolhas deles. A sociedade não são pessoas que estão longe, não são aquelas que passam na TV, e nem que estão acima da autoridade, na verdade são seus familiares, amigos, vizinhos. São aqueles que passam as nossas vidas nos dizendo para crescemos e tomar nossas próprias decisões, mas não são nossas decisões se são limitadas pelos desejos deles. Quem não ouviu aquela velha frase “A decisão é sua, mas se eu fosse você...” Traduzindo “Você vai escolher o que eu acho que é melhor.” Quando crescemos e percebemos que na verdade foi tudo ilusão acabamos aceitando por medo de sermos julgados, e assim algumas pessoas passam a vida desejando ter dito o contrario, ter realmente escolhido suas próprias decisões, ter sido outra pessoa e vivido outra realidade, tem riscos? Puxa vida, crescer não é isso? Aquela adrenalina de fazer algo sozinho, aquele medo de quem as coisas deem errado e depois a satisfação de ter conseguido? A vida é assim, assumir nossas escolhas, aceitar os desafios e seguir em frente mesmo quando parecer que vai dar errado.
Você pode escolher quem amar, quem será seu amigo, correto? Correto. Você só não pode escolher quem não se encaixa nos padrões da sociedade, eles te dão a opção da escolha dentro das escolhas deles. A sociedade não são pessoas que estão longe, não são aquelas que passam na TV, e nem que estão acima da autoridade, na verdade são seus familiares, amigos, vizinhos. São aqueles que passam as nossas vidas nos dizendo para crescemos e tomar nossas próprias decisões, mas não são nossas decisões se são limitadas pelos desejos deles. Quem não ouviu aquela velha frase “A decisão é sua, mas se eu fosse você...” Traduzindo “Você vai escolher o que eu acho que é melhor.” Quando crescemos e percebemos que na verdade foi tudo ilusão acabamos aceitando por medo de sermos julgados, e assim algumas pessoas passam a vida desejando ter dito o contrario, ter realmente escolhido suas próprias decisões, ter sido outra pessoa e vivido outra realidade, tem riscos? Puxa vida, crescer não é isso? Aquela adrenalina de fazer algo sozinho, aquele medo de quem as coisas deem errado e depois a satisfação de ter conseguido? A vida é assim, assumir nossas escolhas, aceitar os desafios e seguir em frente mesmo quando parecer que vai dar errado.
“Acreditamos que seremos mais felizes e que as pessoas, e até nós mesmo, serão melhores, sem nos darmos conta de que não temos o controle de nada”. O controle é apenas uma ilusão que criamos. As coisas simplesmente acontecem e a única alternativa que nos resta é escolher de que forma vamos lidar com elas.”Pag.62
Resenha
Carlos escolheu quem seria seu melhor amigo desde
criança, quem seria aquele que viveriam grandes aventuras, aqueles que sempre
poderia contar. Marcio também escolheu quem seria seu melhor amigo, escolha
simples, aceita por todos, mas então descobriu, Márcio é homossexual. Carlos é
heterossexual.
“Mas, olhando por um lado, observando positivamente todo esse besteirol, teremos 365 dias cheios de possibilidades. Pelo menos a esperança que essa data gera é melhor do que não ter nada em que acreditar, e eu ainda prefiro ter esperança.”Pag.62
“O meu melhor amigo tinha me decepcionado” e assim é
o titulo do primeiro capitulo do blog de Carlos. Carlos resolveu criar um blog
para descrever o que estava acontecendo com ele naquele momento, descobrir que
seu melhor amigo é gay não é fácil, você precisa escolher agir como todo mundo
ou ficar do lado daquele que é seu amigo. Carlos logo depois de descobrir sobre
seu amigo resolve sair para beber, ele havia sido enganado. No caminho para
casa enquanto caminhava por parque na cidade de Recife, ele se depara com uma
cena que mudaria tudo. Uma cena violenta e brutal. Sua primeira postagem é
sobre um assassinado a um mendigo por três caras, o que mais impressionou
Carlos foi o motivo da morte, ele era um mendigo.
Primeiro Capítulo |
Assustado com o que viu e por medo de que algo acontecesse
com ele, ficou quieto até que fosse seguro sair correndo para pegar um taxi e
chegar em casa, ele conta a sua mãe o que aconteceu que o aconselha a deixar
isso de lado, não se envolver e é isso que ele faz, mas como não é fácil fingir
que nada aconteceu em sua primeira postagem no blog é um relato da violência.
Percebendo então que naquele momento tudo de que precisava era ter seu melhor
amigo para desabar, mas não tinha porque ele mesmo havia virado as costas como
todos os outros, até os pais de Marcio, sua mãe, seus amigos e vizinhos.
Carlos então percebendo que não aceitaria a opinião
dos outros iria procurar por seu amigo, precisa se desculpar, mas havia sumido.
Enquanto isso vários outros tipos de violência causada pela intolerância dos
mesmos caras do parque continuava a acontecer, uma realidade não tão diferente
da nossa. Durante o tempo de busca, Carlos conta em blog sobre a sua vida, seu
amigo, e em como tudo aconteceu, e cada vez mais percebe como foi absurda a
forma que tratou Marcio. Só precisamos parar para refletir um pouco mais para
separarmos as nossas opiniões das opiniões dos outros, e ele sabia que
precisava encontra-lo.
“...quando escolhemos ser amigo de uma pessoa, escolhemos aceitar as qualidades e os defeitos que essas pessoas trazem consigo. Porém, como somos tão egoístas, só queremos para nós o que as pessoas têm de bom, porque é bem mais fácil de aceitar.”
E encontrou, e querendo a todo custo ajudar seu
melhor amigo oferece sua casa para que ele pudesse ficar mesmo contra a vontade
e sua mãe que não aceita que seu filho fique perto de um gay por medo do que os
vizinhos diriam. Márcio precisa agora se adaptar a sua nova vida, aos novos
olhares de preconceito, mas agora teria seu amigo por perto para passar por
tudo isso.
“Pude perceber que ele era o mesmo, que, independente de sua opção sexual, eu podia amá-lo como pessoa, como um irmão, porque o que o definia não era a pessoa com quem ele se relacionava, e sim, suas ações e, principalmente, as que se referiam a mim.” Pag. 70
Carlos relata todos os acontecimentos em seu blog,
não só sobre seu amigo, a descoberta e a aceitação, mas também sobre a sua própria
vida, seus sonhos, sua paixão pela garota do colégio, e tudo isso o ajudou a ter
mais coragem para enfrentar os próprios desafios. Em seu blog ainda tínhamos sobre
os casos de violência na cidade que ficavam cada vez mais violentos e sem
explicação.
O meu melhor amigo é gay parecia uma leitura leve e
divertida, não foi bem assim, logo de inicio nos deparamos com uma crueldade
que infelizmente é comum de ser ver em noticiários, mortes de mendigos por
pessoas cruéis que julgam ser melhores dos que os outros. Vemos a realidade na
nossa sociedade e como é difícil aceitar e fazer com que as pessoas vejam de
forma clara que as pessoas têm o direito de amar quem bem quiser.
“Não podemos escolher como as pessoas vão nos machucar, mas podemos escolher como vamos superar as feridas causadas e deixadas por elas. Isso é seguir em frente, isso é superar e viver.” Pag. 75
A leitura flui de uma forma que nem percebemos que
esta chegando ao fim, os capítulos são curtos e objetivos, uma leitura
viciante, realista e apaixonante, uma historia de amor entre amigos, namorados
e principalmente uma historia de amor pela vida. A capa é incrível, daquelas
gostosas de ver, vemos todo cuidado com cada detalhe, tanto do autor como da
editora.
Conhecemos uma amizade verdadeira que mesmo depois
de tudo continuou da mesma forma, ri muito, me surpreendi, fiquei com raiva, obcecada
por cada palavra até chegar ao fim e ficar meio perdida sem acreditar que tinha
acabado, queremos mais, querendo um final alternativo, querendo bater no autor
e ao mesmo tempo abraça-lo. Bem, foram muitas emoções. Para você leitor, essa
será a minha indicação de leitura do século, então leiam e conheçam o Carlos e
o Márcio, viva e se emocionem por cada detalhe. E para o autor, meu muito
obrigada pela oportunidade de viver algo tão emocionante, obrigada por cada
palavra e sentimento que transmitiu, e eu não devia ter ficado tão eufórica para
terminar em uma sala de aula cheia de gente, péssima ideia hahaha
“Somos mais de sete bilhões de pessoas convivendo em um mesmo planeta. Somos mais de sete bilhões de cabeças pensantes, sete bilhões de sonhos, sete bilhões de gostos, sete bilhões de formas, e você ainda quer que pensemos igual? Isso não soa meio absurdo?”Pag. 108
Qualquer
tipo de preconceito ou intolerância nunca será apenas um MIMIMI.
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Instagram: Dielson Vilela